quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Recomeço


Não sei bem o que me tornei.

Não sei se perdi o controle do meu corpo. Se não consigo ver o que realmente o espelho traduz.
O fato é que nunca precisei me preocupar com excesso de peso. Nunca fui magricela, mas tinha um corpo praticamente perfeito e nunca me preocupei com beleza exterior (talvez porque era bela). Enfim, nunca fui ligada em boa aparência, bastava-me que eu e os demais fossem boas pessoas, tivessem um bom papo e fossem cativantes e assim eu era....

Hoje, com quase 30 kilos extras, vejo que aparência manda em tudo na vida. Tenho sofrido todo o tipo de preconceito. Meu marido fala entre linhas que eu estou gorda: usa o discurso de que eu não me cuido e que não vai ficar do meu lado do jeito que eu estou, pois ele não me conheceu assim. Gostaria que ele gritasse: sua gorda! Acho que doeria menos do que a sua covardia de ficar jogando indiretas e da sua antipatia em me ver assim... Bem, sei que essas linhas fazem parecer que meu marido seja um carrasco, mas entendo perfeitamente que ele me quer bem e é natural que ele queira de volta àquela mulher bonita, alegre e espontânea que um dia ele teve.

Fico muito arrasada em ver que as pessoas não me olham mais como uma boa pessoa por estar acima do peso. Antes tinha uma legião de fãs (todos interessados no que o meu corpo atraía). Hoje as ditas amigas sentem-se superior: agora não sou mais uma ameaça.

Emprego? Sinto que se tivesse magra era considerada mais competente.

Conheci os dois lados: o de ser "magra, gostosa e atraente e amiga-de-todo-o-mundo-a keila-é-legal-pra-caramba."
E o de ser "gorda-baleia-saco-de-areia-que-não-se-cuida-e-que-só-pode-estar-doente."

Começo hoje a minha história da busca do corpo perdido... só para ser novamente aceita e querida , apesar de sentir, no meu intimo, que do jeito que estou está bom. Ninguém precisa dizer que eu não devo me preocupara com os outros pensam, pois eu também concordo com essa máxima. Faço por mim, para não me sentir tão fora do mundo como hoje.


Nota mental: na verdade me sinto mal por estar obesa. Sinto que o peso não deveria fazer parte da personalidade da pessoa, mas que também gostaria de ser como antes. no fundo também sofro desse preconceito.

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